O tom do berimbau, do gongo e da cuíca, o chacoalhar do caxixi, o cantar das águas. O multi-instrumentista pernambucano Naná Vasconcelos (1944-2016) era capaz de transformar o inesperado em canção, fosse por meio de um objeto ou do próprio corpo. Fez nascer um som que ninguém antes ousou criar – visto o grande número de premiações recebidas pelo exímio trabalho, os aplausos da crítica e a capacidade de encantar e envolver o público a cada performance.
Ainda na infância, observando os ensaios do pai, Naná aprendeu a tocar os mais diferentes instrumentos de percussão, especializando-se no berimbau. O elemento típico das rodas de capoeira ganhou novos contornos nas mãos do artista, que explorou suas possibilidades com ritmos e estilos diversos. O artefato chegou às orquestras, recebeu elementos do jazz, do eletrônico e de todas as referências oriundas da mente criativa do percussionista, que soma quase 400 gravações e parcerias com artistas nacionais e estrangeiros ao longo da carreira.
A Ocupação Naná Vasconcelos faz uma homenagem à vida e à trajetória artística de Juvenal de Holanda Vasconcelos (seu nome de batismo), nascido em 2 de agosto de 1944, brasileiro conhecido mundo afora, mestre talentoso, vencedor de oito Grammys. Mais: artista que cantou com as crianças, que conduziu os batuqueiros nas ruas do Recife e que esteve à frente da organização das nações de maracatu na abertura do Carnaval da capital pernambucana. Aqui, Naná é o protagonista e suas vivências são o norte.
Com curadoria do Itaú Cultural (IC), a mostra traz uma seleção de fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos – inclusive uma das premiações recebidas pelo homenageado –, além de toda a sua essência e unicidade.
Naná costumava dizer que ele era “o Brasil que o Brasil não conhece”. Apresentamos, então, mais sobre o percussionista que espalhou sua arte pelo mundo sem nunca abandonar suas raízes; que deixou como legado uma obra cheia de originalidade; que segue causando saudade, apesar de se manter presente. É que Naná era música, era único. Na verdade, continua sendo. Sempre será.
Europa, África e América do Sul têm encontro marcado na semana do aniversário de Brasília. Projeto Língua Mãe, conduzido pelo percussionista Naná Vasconcelos, produzido pela 07 Filmes e patrocinado pela Petrobras, faz espetáculo com 120 crianças dos três continentes regidas por Naná e acompanhadas pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, dia 20 de abril, na Sala Villa-Lobos. Todo o processo de oficinas com as crianças, nos respectivos países, será filmado e resultará num documentário e um DVD produzido durante o espetáculo.
A união de três povos de língua portuguesa será celebrada no aniversário de 50 anos de Brasília, no mês de abril O Projeto Língua Mãe, que tem como personagem central o percussionista Naná Vasconcelos e patrocínio da Petrobras (via Lei Rouanet), reúne em um mesmo espetáculo 120 crianças das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, em Portugal, Luanda, em Angola, na África, e Brasília, no Brasil regidas em coro por Naná e acompanhadas pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, sob regência do maestro Gil Jardim, na Sala Villa-Lobos, em Brasília, dia 20 de abril, um dia antes do aniversário de 50 anos da cidade. Todo o processo de oficinas com as crianças, em seus respectivos países, está sendo filmado e será finalizado no formato de documentário média-metragem, além de um DVD resultado da gravação do espetáculo do dia 20 de abril.
Entre os dias 23 de fevereiro e 30 de março, Naná Vasconcelos e a equipe de produtores viajam primeiro para a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia, em Portugal, e depois para Luanda, em Angola, na África, e por último para Brasília para selecionar e ministrar as oficinas com as crianças de cada cidade e registrar todas as atividades desenvolvidas A ideia central consiste em resgatar a memória musical em comum nos três continentes, além da troca evidente de culturas -A música é uma linguagem universal por si só, mas nesse projeto vamos ter a oportunidade de integrar e socializar crianças que participam de uma mesma língua através de um profundo diálogo cultural’, completa Naná Vasconcelos.
O espetáculo do dia 20 de abril, em comemoração aos 50 anos de Brasília, será composto por 120 crianças desses três continentes. Serão 30 crianças das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, 30 de Luanda e cerca de 60 brasileiras, todas com idade entre 7 e 10 anos No repertório, canções folclóricas e cantigas dos três países unidas pela mesma língua Conduzido por Naná Vasconcelos, o espetáculo terá o acompanhamento da Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, com regência do maestro Gil Jardim, na Sala Villa-Lobos.
Todo o processo das oficinas de iniciação musical com as crianças, nos três continentes, está sendo filmado para resultar num documentário de 52 minutos, com co-direção de Leo Falcão e Fernando Weller Já o espetáculo com as crianças, com direção de Falcão, resultará num DVD da apresentação.
Juvenal de Holanda Vasconcelos nasceu no Recife, em 1944 Mesmo depois de duas décadas tocando pelo mundo, morou em Paris e Nova York, as influências de sua terra estão presentes em tudo o que faz. Foi por oito vezes consecutivas aclamado como melhor percussionista do mundo pela revista norte-americana Down Beat Dotado de uma curiosidade intensa, indo da música erudita do brasileiro Villa-Lobos ao roqueiro Jimi Hendrix, Naná aprendeu a tocar praticamente todos os instrumentos de percussão, embora nos anos 60 tenha se especializado no berimbau. O trabalho de Naná sempre demonstrou a amplitude do seu talento, e nos anos 80 gravou o disco -saudades’, concerto de berimbau e orquestra. Depois, vieram os álbuns ‘Busb Dance’ e ‘Rain Dance’, suas experiências com instrumentos eletrônicos.
Daí por diante, Naná esteve envolvido mais diretamente com o cenário musical brasileiro ao fazer a direção artística do festival Panorama Percussivo Mundial (Percpan), em Salvador, e do projeto ABC Musical, além de participações especiais em álbuns de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Mansa Monte e Mundo Livre S/A, entre outros. No fim de 2005, lançou “Chegada’, pela gravadora Azul Music, e em 2006, o CD mais recente, intitulado “Trilhas”.
Uma trajetória de vida que esbanja virtuosismo musical e integridade pessoal em tudo o que faz e toca
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Um dos mais prestigiados músicos do mundo, o percussionista Naná Vasconcelos há anos vem transmitindo ensinamentos e sensibilidade musical a crianças de 7 a 12 anos, de vários países, como França, Estados Unidos e Itália.
No Brasil, o projeto concebido por Naná Vasconcelos e orquestrado pelo maestro Gil Jardim, visa introduzir esses jovens às primeiras noções musicais através de repertório fundamentando no folclore e nas raízes brasileiras.
O ABC Musical foi desenvolvido e apresentado inicialmente em Salvador, Bahia Mais precisamente no dia 31 de Agosto de 1994, no teatro Castro Alves, um concerto dirigido por Naná Vasconcelos – reuniu a Orquestra Sinfónica da Bahia, o Violoncelista francês Vicent Segai, o Pianista suíço Teese Gohl e 80 crianças, recrutadas e selecionadas em quatro escolas da rede pública estadual de ensino. Entre a seleção, oficina e apresentação para 1500 convidados, passaram-se 15 dias O trabalho acabou despertando o interesse do programa Globo Ciência, da Fundação Roberto Marinho, que exibiu reportagem sobre o mesmo posteriormente.
Atendendo ao convite da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, o ABC Musical em seguida foi desenvolvido e apresentado na capital paulista. Nos dias 13 e 14 de dezembro de 1994, no palco do teatro Sérgio Cardoso, Naná Vasconcelos comandou 100 pupilos da Orquestra Sinfônica Infantil do Estado e mais de 150 alunos de escolas municipais da periferia paulistana Juntas essas 250 crianças apresentaram duas suítes folclóricas brasileiras, compostas especialmente para o projeto.
O ABC Musical chega, então, a mais uma capital brasileira, Recife, com realização nos dias 29 e 30 de agosto de 1996, no teatro da UFPE, de dois concertos com a participação de 100 crianças da capital pernambucana e da Orquestra Sinfônica da Prefeitura, sob a direção do maestro paulista Gil Jardim. Teve o patrocínio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife e da Universidade Federal de Pernambuco (comemorando 30 anos).
O trabalho percussivo de Naná Vasconcelos é inspirado principalmente nos sons da natureza dado ao fato da maior parte dos seus instrumentos serem fabricados por ele mesmo e terem uma relação direta com a natureza Mostrar as crianças à importância da natureza no mundo atual é uma forma de pensar no futuro do nosso país.
Importante realizar esse projeto no Brasil para mostrar às crianças toda a riqueza cultural que só um país com tanta mistura racial é capaz de ter e, como muito disso não foi ainda explorado, fazer com que essa riqueza se desenvolva e cresça em sintonia com a nova realidade.
Realizado no Brasil pela primeira vez em 1994, o ABC Musical é, portanto, um projeto cujo embrião foi desenvolvido nos Workshorps realizados por Naná com crianças No Workshorp a criança aprende a usar o como como um instrumento de percussão, além disso, através da percepção do ritmo e de altura o menor desenvolve noções de trabalho em grupo, disciplina e silêncio, ao mesmo tempo em que temas musicais inspirados no folclore brasileiro fazem com que ele tenha um maior contato com a riqueza cultural do país onde vive
Espetaculo em ue Naná Vasconcelos mostra ao público as diversas e infinitas possibilidades de encontro entre a música, os sons e a natureza.
Autoconhecimento, sensibilização, relaxamento, senso de grupo, e concentração são algumas práticas adquiridas por quem passa pela experiência de um workshop orgânico ministrado por Naná Vasconcelos, mestre da percussão mundial. “O capo como instrumento é uma fonte inesgotável de descobertas”, lembra Naná.
Somado ao trunfo de ser mundialmente reconhecido por sua música, já foi eleito oito vezes como melhor percussionista pela revista americana Down Beat, Naná Vasconcelos também ministra um workshop orgânico para um público diversificado. Segundo suas próprias palavras: é o entendimento dos ritmos através do corpo. Mais que isso, o workshop oferece infinitas possibilidades, desde despertar a criatividade, passando pelo autoconhecimento, conscientização respiratória, senso de grupo e, até mesmo, o relaxamento. ‘0 que aprendemos através do corpo fica impresso no que podemos chamar de memória corporal. Por isso, não se esquece mais, diferente dos ensinamentos teóricos’, ressalta Naná.
O workshop se inicia com todas as pessoas dispostas num círculo e o percussionista no meio Pelo próprio caminhar das pessoas, Naná começa passar seus conceitos de ritmo, espaçamento de tempo, respiração e as possibilidades sonoras que o corpo e suas funções propiciam Os participantes marcam o ritmo com os pés, depois são estimulados a usar as mãos e, finalmente, a voz Naná divide o conjunto em grupos de modo que apareçam diferentes desenhos rítmicos Depois de um intervalo, no qual o percussionista troca impressões com o grupo, os participantes costumam voltar à atividade multo mais integrados e desinibidos para os exercícios finais da experiência “Das artes, a música é a mais imediata porque mexe com os sentimentos Ela vai do silêncio ao grito. Multas vezes, é numa atividade como essa que descobrimos a criança que habita em nós”, lembra Naná.
O workshop pode abranger vários tipos de grupo Além de ser indicado para o público em geral, não importando nem mesmo a idade, o trabalho pode ser feito tanto para pessoas do meio artístico, incluindo aí músicos (não necessariamente percussionistas), cantores, atores e bailarinos, como também para funcionários de empresas, como um trabalho de sensibilização em convenções específicas ou mesmo como inspiração para exercícios de relaxamento e senso de equipe praticados no dia-a-dia.
Inúmeras vezes Naná provou capacidade para conduzir grupos numerosos de pessoas, tanto ministrando workshops em empresas, em convenções que chegaram a 500 participantes, como durante as já tradicionais aberturas do Carnaval de Pernambuco, administrando várias nações de maracatu ao mesmo tempo, com o objetivo de construir um espetáculo harmónico, sempre alcançando êxito em ambas situações.
Durante o workshop, Naná também conta um pouco de sua trajetória e revela aspectos da cultura africana miscigenada no Brasil, resultando em ritmos como o samba e o maracatu. Lembra que sua inspiração para montar esse workshop surgiu de um trabalho realizado na França, com crianças que apresentavam dificuldade de coordenação motora em suas atividades comuns “0 workshop tem a vocação de liberar sentimentos, expressões, movimentos e sons que a própria pessoa desconhecia em si mesma. Noto com frequência que os participantes saem leves e felizes dessa experiência orgânica”, conclui Naná
Encontrodo popular e o erudito.